segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Dezembro de 2010

De todas as profecias e julgamentos forçados que proferimos enquanto estivemos juntos algumas me marcaram mais fundo. Você nem deve se lembrar, do jeito que eu te conheço duvido que você se lembre de mim inclusive, a gente tinha se conhecido a pouco tempo e estávamos numa viagem esquisita, a gente começou a se estranhar de repente, quase não conversava, bebia mais do que o normal, fumava cada vez mais... Eu como sempre, me isolava com meu violão e minhas idéias amargas: Não tinha saco pros seus excessos, mesmo os amorosos; a verdade é que você sempre me assombrou, num sentido bem amplo da palavra, mesmo depois desse bocado de tempo, mesmo conscientemente não te amando mais.
Então a gente saiu pra caminhar na praia e tentar se encontrar de novo, a noite era bonita, a praia também, o diálogo andava como se nunca tivesse existido e a gente não se encostava que pareciam meses; eu forçava a barra, e lá pelas tantas você me olhou como se fosse minha irmã mais velha, sorriu sarcástica e disse "3 anos, é... em 3 aninhos você vai estar no ponto".

Se amadurecer é reconhecer mais as suas próprias fraquezas, talvez eu tenha aprendido alguma coisa me agarrando de referência em referência, depois de você qualquer coisa que queime tá valendo, mesmo que depois tudo vire cinza. No fim das contas a tal "pessoa melhor" continua na mesma... talvez até pior. Eu entre paredes de concreto analisando algum compositor morto a mais de um século, você no sertão do Piauí analisando merda de macaco-prego. Iguais.

Chegamos ao tal ponto. Cadê você com as suas conclusões?

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Seis drinks falsos

E me contou que faltava homem decente no mundo, que seu pai descobrira que o tumor virou metátase em julho, ela não sabia se queria mesmo ser publicitária, até porque, tipo; o que ela gosta mesmo é design e essa área é muito difícil no mercado atual; falou da trilha sonora do filme tal, do tal do namorado/amigo de infância que foi fazer intercâmbio na Suécia, que adorava mojito por causa do gosto de hortelã, queria um homem pra chamar de seu, um amor pra vida toda, um cara de caráter, íntegro.
Eu só estava no meu canto quando de repente ela estava com a cara afundada no travesseiro gemendo alguma coisa parecida com "meu amor". E eu lá encarando a tatuagem que homenageava o tal "Gabriel" perto da bunda, que eu comi. E esse assunto termina aqui antes que ela acorde.

sábado, 11 de dezembro de 2010

"Há anos cumprindo sonhos"

minhas horas semanais meus descontos mensais meus atrasos meus impostos meus cartões de crédito meus talões de cheques minhas contas minhas casas meus carros minha mulher e minhas outras meus filhos meus aparelhos de tv a cabo meus microcomputadores meus carros minhas propinas minhas férias meus barcos meudespertadormeupintominhasolheirasminhasmeiasminhaprisãodeventremeucansaçomeucansaçomeucansaçomeucansaçominhaimpotênciameusorrisocordecafémeutumor
.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Mas as pernas, ah!
Cruzadas, soltinhas pedindo atenção fingindo timidez reclamando do calor estavam ali indesviáveis à vista; pela encruzilhada de hormônios sedentos em que me perdi escapava a idéia de que, talvez, houvessem fragilidades e contradições sustentadas por aquele par delicioso me acenando e a vontade... era de escorregar por elas de uma só vez, uma vez só.

Malpassado

Tanta é a raiva por dentro
Eu já não durmo
Ressinto
Remoço
Sarcáustico.
Assassinado aos sete anos de idade o pequeno Pedro foi sepultado em uma rua de paralelepípedos que anos mais tarde foi coberta de asfalto.
Ou é isso ou o fedelho se matou enterrado em alguma boceta por aí.

terça-feira, 16 de novembro de 2010


"Tocar para o silêncio"

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Contrapartido

O sambista atravessa em contrapartido
Contra o congestionamento da tarde que cai
Sobre a sua cabeça um céu comprimido
Entre os prédios tingidos de asfalto ele vai

Desce uma dose de fogo em qualquer esquina
Imagina outro tempo que não conheceu
Seu partido sofrido perdeu pra rotina
Ele resta se rindo das brigas com Deus

Gesticula um silêncio pretendendo um grito
Sente tanta saudade mas custa a chorar
Seu lamento não passa de uns poucos minutos
Em que o samba é a partida prum outro lugar

(...)
______________________________________

Não acabei, mas é meu e vira música...

terça-feira, 9 de novembro de 2010

A verdade é que a gente não fica por aí selecionando palavra por palavra, na prática ninguém valoriza o verbo tanto assim: Se escreve por necessidade, o pensar é por demais subjetivo. E de repente a gente tá na rua falando que determinada mina é firmeza, que tá sussa ou que tu tá botando buneco.

O língua se recicla quando a gente não olha.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Pomba gira, a compacta.

eilapequenarquitetatãocheiagarrafacervejanoitexplicandoqueraoprojetodacasarisadafetadalcoolicacantadaruimassumidavontadessaiasoltaquentehein?
eiladispostabebadavontaderamadrugadaugustaquentetãotardessemesmotelagritaloucarquitetaseisamatinagenteéumonterestontosexolharoucatalpequeninativistabocanomeupau
.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Ardo.

A noite transborda no fim

A tempestade ainda é
Dentro de mim

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Ins...

Curiosidade. Não, não era só isso... Era tesão isso aí, um tesão perverso em olhar pra mim num risco de verão qualquer pelos meses em que eu desfilei toda aprumada pra você e mordia o lábio sentindo a sua perversão me escorrer como chocolate quente pelo corpo. Você me arrancava a roupa com os olhos, cheio de perigo, eu gostava de ser a presa e me empinava pra agradar toda a vez, as pernas nuas na saia curta se alisando bem devagar pra você não perceber... e nas noites vazias alimentar esse perigo é um dos meus passatempos prediletos, aí tomo banho e me cubro de perfume, aliso o cabelo como se fosse você me pegando de jeito e começo a te praticar, provocar, esse esporte cheio de dedos e fluídos mas que teima pra acabar, seu tiro sempre me pega de raspão.

domingo, 17 de outubro de 2010

Na verdade o que eu queria da vida mesmo era morrer de amor em qualquer esquina...

Será que é pedir muito?!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Brilho fosco

À Belle, sempre bonita quando me lembro.


Segurei no meio-fio, era quase meio-dia, meio que me ardiam pensamentos indigestos de uma terça-feira em falta.
O minhocão desabou na minha frente, pra dentro da minha garganta, pelos olhos eu vomitei toda a poluição que eu via pela janela, pela janela eu me via curto.
Procurava no desespero um abraço qualquer, qualquer um, anônimo que me impedisse encarar essa transitoriedade de frente, minha garganta não suporta o concreto ainda assim as estações passam diante dos meus olhos vítreos: Não é permitido chorar no submundo.
É a vida, esse estrangulamento. Lento.
E esse nó? O seu encantamento precoce, me rasgou em metades

"As pessoas não morrem, ficam encantadas"
-G. Rosa

domingo, 3 de outubro de 2010

Liberdade na Tailândia

Lápis contra o papel e alguns milhares de pixels.
A ordem de digestão vem mais tarde.
Escrevo e me embriago.
Porque sou covarde.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Acho lindo esse negócio de "não ser tão fácil", divertidíssimo.


Agora, falando sério, dou dois aninhos pra você sair falando isso entre todas as línguas.

Canto da pobreza

"Sentas-te à beira da noite
para fazer este poema,
este poema não é teu,
é da tinta e do papel.
Mas o que é teu, afinal?
Idéia de propriedade!
Nada é teu, nem de ninguém.
Teu passado não é teu,
nem sabes o que ele é.
Na neblina do passado
quase cego tu navegas,
mas um braço te pegou,
te agarra, não larga mais.
- Este braço não é teu. -
O presente não é teu,
presente já é passado,
tu falaste, voz sumiu,
ah! nem o eco ficou.
Mas o futuro? é de Deus,
e Deus não é de ninguém.
Também não és de ninguém.
Tudo vês e tudo tocas,
tudo cheiras, tudo ouves,
nada fica nos teus olhos,
nada fica na tua mão,
no teu ouvido, nariz.
Levaste a noite ao altar,
sei que a noiva não é tua,
sei que ela também não é
do noivo que a possuiu,
ela não é de ninguém;
nem é de ti que conheces
os encantos dessa noiva
muito melhor que seu noivo.
Coisa alguma te pertence,
também não és de ninguém,
viste o mundo do telhado,
cheiraste o mundo, viraste
o namorado do mundo,
namorado eternamente:
é melhor ficar assim,
casar dá muito trabalho,
põe um número na gente,
põe um título na gente,
não se pode mais andar
desenvolto como antes,
a gente tem que prender
toda atenção num objeto,
a gente fica pensando
que é dono dalguma coisa,
que possui móvel de carne...
Mas eu não sou de ninguém."

- Murilo Mendes

domingo, 26 de setembro de 2010

In-o-ciência

Não se preocupe, baby
Siga suas necessidades
O momento

A noite curta
Ando armado
In sensibilidade

Compor

Criamos
Saímos
Com(um)s

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

.

- Eita, parece que o mundo vai se acabar...!

[Você nem imagina. Lá fora o mundo é um fim é um buraco soluço. aos tropeços eu vou pra rua beber a tempestade matar pra não morrer, eu que anseio o infinito me escorro por essas sarjetas. sujeira. nada cicatriza a cabeça que é sal na ferida, pescoço e mordida. a rua é meu desespero, meu pulo pra vida de cabeça(Eu quero, eu quero, eu quero)ou pra morte essa calma demora? eu espero mas fodo, mas como e vomito, é grito e desgaste. Estar vivo me arde como morrer e me rasga e me leva até desmaiar, viver me mastiga. não tenho tempo pra escurecer sem sonhar. Eu bebo a noite como quem tem muita sede]

-Nada não, volto tarde

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Disritmia

É calor, isso sim. Levo todos os seus gritos entre dentes.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

domingo, 19 de setembro de 2010

Agora é que são elas (Trecho)

"Com aquela cara de homem fingindo estar interessado no papo de uma mulher apenas porque está com vontade de comê-la, com aquela cara de mulher costurando e bordando pensamentos apenas porque está a fim de ser comida por ele, cheguei, caprichei, relaxei, lembrei tudo o que tinha aprendido em Kant e Hegel, repassei toda a teoria dos quanta, a morfologia dos contos de magia de Propp, o vôo 14-bis, cheguei e não perdoei: -Tem fogo?"

-P. Leminski

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Seis e pouquinho, ou nem isso. O dia rascunhava (O dia por aqui nasce feito borrão de grafite) e o ponto vazio. Só eu lá. Só eu só esperando pra ver o letreiro de outro lugar, enquanto minutava ia repensando que o começo de dia era ainda uma noite com estrelas demais. Perto demais.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Orfeu

O jabuti perdeu a companheira por causa de um ovo atravessado que nem o veterinário conseguiu tirar.

Durante meses, ficou a percorrer aflito o jardim, de cá para lá, de lá para cá, procurando-a.

Nas épocas do cio, soltava, angustiado e cavo, o seu chamado de amor.

À falta de resultados concretos, acabou por finalmente desistir da busca.

Voltou a andar no passo habitual e ficar, como antes, longas horas imóvel aquentando ao sol.

Isso até o dia em que deixaram encostado ao muro do fundo do quintal um velho espelho.

Assim que topou com ele, estacou e se pôs a balançar a cabeça de um para outro lado no esforço de reconhecimento.

Quando julgou distinguir ali a companheira, soltou, mais angustiado e cavo do que nunca, seu chamado de amor.

Repetiu-o o dia inteiro diante do vidro impassível. Porém ela continuou para todo o sempre prisioneira do espelho.

-José Paulo Paes

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

em minúsculas.

E não me venha com todo esse papo de namastê-rastafari-luz-goodvibrations-zenbudismo,




Você era mais divertida quando engolia.

Arte como profissão 3

De repente eu estava de terno, num congestionamento às 3 horas da tarde.

Por que eu fui escolher ser músico mesmo?

domingo, 5 de setembro de 2010

E mais.

No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto

a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo

extinto por lei todo o remorso,
maldito seja que olhas pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais

mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas.

Leminski, sempre

a noite - enorme
tudo dorme
menos teu nome

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O funkeiro e o coletivo ou Black music no celular.

Filho da puta. Sub. Comp.

Barra Funda

O purgatório das 6 e meia da manhã
É movido a cotovelos

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

"I like pleasure spiked with pain
And music is my aeroplane"

CPF?

Satisfação total!
Paixão, agora
só com nota fiscal.

domingo, 29 de agosto de 2010

Já tá de manhã.

'There must be something in the way I feel
That she don't want me... to feel'

Estive surdo às consonâncias do vento, sorrindo paralelo branco e preto, os
olhos perdidos num horizonte que passou; quando acordei com você ainda do
meu lado deu vontade de fugir pra bem longe. preguejar contra a corrente.
voltar mais velho espalhando pra mim mesmo o quanto os meus problemas
morreram de velhos, aduncaria o nariz e reafirmaria estar profundamente
consciente de meus muitos defeitos sorrindo cínico pra escapar a dor.

Tudo isso e me apaixonar de novo, tudo pacientemente igual, você
como um sol no inverno. eu uma cabeça mais alto, ridículo, de nada adiantaram
os anos as conquistas isoladas, me finjo o que for preciso. só não me exija
nadar contra a fragilidade em que você me acontece, que paixão dói pra
calejar. paixão parada cria casca, minhas noites são puras consequências, me
escapo e não controlo os olhos na direção do teto, o tempo que me passa em
expirações
[Te estraño] tento te agarrar gentilmente em lembranças, mas me
escapa
de novo por entre
pulsos.
Terna Tenuta, como eu te quero L(l)aura, graciosa e simples.

Mas hoje é sábado e eu não faço sentido, não encaixo meus universos nesses
silêncios ["Eu gosto é dos que ardem"] e a cidade tem andado quente.
Me dê a mão vamos sair pra ver o sol que hoje a noite vai fazer.

"Ali tão certo e justo e só te sendo
Absinto-me de ti mas sempre vivo
Meus olhos te movendo sem te abrir"

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Abstração platônica III

Peço desculpas, não consegui aceitar minhas fraquezas como algo tão mais forte do que eu, não imaginei os riscos de amornar.
De repente os dias passaram e eu me repetia mês após mês, duvidava do seu norte, da sorte, do corpo; e nesse duvidar de sempre levei minhas certezas todas pra beira de um penhasco, beira de noite.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Fluir.

Era completamente apaixonado pela chuva, antes de tudo, o cheiro da terra quente quente molhada. de chuva molhada. Quando não era o sol rachando sobre a testa de moleque que já fui. Quintal maior que um mundo: dar milho às galinhas, correr de medo dos gansos, admirar os porcos com pena, catar acerola do chão, comer com a mão. Era tapioca, caldinho de feijão de corda, colhada, cuzcuz. Era a tarde passando devagar, a cadeira de balanço com meu avô sentado nela... Mas era sobretudo a chuva e naquele fim de tarde choveu de lamber os beiços, a cidade inteira cheirava esfriada, nós fomos pra rua molhar as roupas, os paralelepípedos fluindo debaixo dos pés e peitos nus, infantis.

{Se bem me lembro a gente cantava alguma coisa bonita [se não, era como se fosse (Antes da música foi a chuva)]}.

Entramos no campo da AABB e travamos gols encharcados, moleques empoçados de nós, era mais gostoso que fruta do pé, era a chuva.
Desse dia nunca mais eu vi... A chuva passou por aqui e foi embora pra nunca mais; o asfalto cobriu a avenida, nunca correr descalço por aí com meus primos, é aí que a gente parou.
Magoador (o signo da água). Dia desses era eu e meu pai, alguns copos de chopp quando ele me solta:


- Você desde sempre quis o que não podia ter.

A beleza da chuva é o desmandar.
A hora do sim é descuido do não?

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Acordei, a saudade soava como um samba do Nelson Cavaquinho tocada no trompete do Louis Armstrong com os acordes e silêncios do último movimento do Quator pour la fin du temps.

No ônibus, a saudade na boca do estômago, roncava. abafada. nauseante.

Comi saudade com arroz e frango no almoço. As nuvens contra o sol. E levei-a com a preguiça pro resto da tarde. Uma valsa de Tchaikovsky lá longe num radinho de pilha passando na rua.

Era um riacho raso no pôr do sol, uma roupa laranja desbotada pelo tempo.

Um vento gelado direto na cara. noite, nada respondia ou ecoava. "I saw a film today, oh boy..."

Madrugada virada. Não era saudade, era Blues.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Amsterdã, ai.

"Mas esta cinzência do céu, permanente. Ou quase, que o sol demora a chegar. Há por aí, nos céus e nos estabelecimentos maldormidos e inda mal-acordados, mais para os lados das farmácias e dos centros médicos com suas cruzes vermelhas entre as casas da noite, um quê de samba langoroso de Noel- carro de praça, luva, dúvida, cruz do sofrimento, lixo humano, boêmia, diplomacia malandra.
Então eu te olho cidade, como se olhasse uma mulher esguia. Toda posta em dengo e prestes. Sequiosa. A um fio do cio. E já molhada.
Enlevada, assim cidade-mulher e acarinhada neste maio, já cedo com seus barcos e seus marrecos entre as àguas dos canais, linda. Além dos carrilhões das igrejas, as carrocinhas de música, mantidas pelas moedas do povo passante pelos cuidados de anônimos voluntários, comem o ar, realejos enormes, coloridos e valsosos. É onomatopaico, teu nome. Amsterdã. Amsterdã, ô inesquecível, já começas teu nome soando como batida de sino. Sua bonita.
Toda entulipada, colorida de azul, de vermelho, de amarelo como em teus campos incomparáveis, únicos, a explicar, se há sol se há vento, a arrebentação de um talento em cor como Van Gogh. Sua louraça, ficas engalanada, casa de bonecas. Nem te chamarei de lindinha, és feito a pele de tuas mulheres, louraça de coxas brancas. Sua bonita."

-João Antônio

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Paz é um estado de espírito.

Suor gelado na testa, se levantou de um pesadelo, teve certeza: Matéria é mentira. Essa vida é mesmo uma grande piada. É uma noite só que pensamos muitas e que passa muito muito rápido. Desgosto engasgado engoliu a seco e revirou dentro de si até voltar prum resto de sono.

Acordou, era o fim do domingo.

Escutou as passadas dela enquanto tomava o café, gelado:

- Nossa, acordou só agora?!

- É, olha a minha cara de preocupado.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

E acabo de me dar conta que isso aqui tem 40 "seguidores"







o que foi que eu fiz de errado...?!!
Depois de machucar meu polegar me dou conta de como ele é útil para um ser humano, sem ele fica impossível(ou quase isso) para:

- Tocar violão (O que, pra mim, é quase necessidade fisiológica diária)
- Manusear talheres (Inventei uma técnica genial pra segurar o garfo)
- Trocar uma lâmpada
- Pegar alguma coisa nos bolsos
- Escrever à mão
- Ler um livro deitado
- Se segurar no metrô/ônibus.

Por isso dedico esse texto imbecil ao meu polegar direito, sara logo seu veado!

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

de Fátima

E tem os dias em que ela se remonta e desperta serena, certa de tudo: A exceção.

A regra geral é uma contra-calma só, essa morena arretada embaralhando os botões da camisa e controles, há de se viver com os olhos dançantes.

- À minha mãe, que tanto se parece comigo.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não.

Se debatia numa profusão de negações, mas reclamou do calor por dentro das roupas e sugeriu a madrugada como abrigo das suas reclusões solares. Os dias passavam quentes e pioravam no meio das pernas macias se descobrindo hábeis para uma mulher que havia de ser.
O tempo ensina que sussuros não se prestam a confiança de ninguém: Qualquer paixão comprada verdade ingrata intriga velada sussuram. A mentira sorri mais brilhante à meia-luz.
Era noite quente de estrelas e não importava meia verdade nenhuma, sussuravam-se adoidados mas aquelas pernas tremiam assustadas e cheias de pudores verdes, qualquer promessa era válida, a violência: Necessária.
quente ... outras mãos trancando e as pernas repudiavam moles numa traição transpirante, um pecado transparente, aquilo era tudo tão novo que assustava e sussurrava... não não... não... não ... não não.... não não... não nãonãonãããooo ... ... ...
O que ressoa no pulso aéreo, oras, não sussurra, apesar de tudo na noite etérea sussurar.
...
Sim
e meteu violento, rasgando pudores.

sábado, 31 de julho de 2010

Sequei.

?

Recuerdos.

É o cheiro que me molha os lençois. A lembrança amarga das manhãs em maio. Metade do dia. [Quanta cachaça na minha dor]. A estética do prazer. As divisões implícitas num pulso aéreo. O cálcio da minha alma. Contemplação cinética. Risadas que não puderam ser. Lágrimas que pararam no estômago.
O mundo dentro de uma escala. O mundo inteiro numa nota. O mundo dentro de mim. O subjetivo em sintonia total.

- À Maria Helena.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Anti-Moraes.

Me desfiz de intensidades
Anoiteci sem arder, indesejável.

No céu, todas as constelações que um dia soube
Brilhavam, no escuro, depois de mortas.

Nada além do frio que trespassa a garganta
Supus uma estrela caindo. Apaguei.

domingo, 25 de julho de 2010

Um filme muito ruim.

E foi tropeçando pela ladeira de paralelepípedos, bêbadosamba, tinha uma sede de auto-exorcismo e não saciada em boca ou boceta nenhuma; cantava que dançava na chuva mas era noite seca, o molhado era ele, atravessando a ladeira da rua da Glória(Uma misericórdia só) era um sino vergando o toque dos condenados e ele se atrasava pra vida, se atrasava pra amar, pra cantar e pra ser, um litro das Salinas na mão direita e as roupas foram ficando pelo chão lá atrás...
E aí caiu na frente de casa vomitando sem nem perceber o caldo de feijão, os jeans encardidos do que já secou e um cheiro de suor nos cabelos molhados; paixão não se anula com alguns drinks, meu filho. Era manhã quando deu por si mesmo sem documentos e sem uma das sandálias, o nublado ardia no fundo da retina. Dormiu, rígido, sonhara mais uma vez com ela e acordou desesperado quando lá longe algum rádio soltou a sentença, escarniada:

"Não vá se perder por aí...!"

A vida era boa, apesar das dores de cabeça.

Morning Theft

"A kiss goodnight from every
Stranger that I meet

I had to send it away
To bring us back again"

- Jeff Buckley

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Não sinto palavra alguma, aliás, me sustento em insensibilidades.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Don´t you think?


My life as a Woody Allen's movie:

A hell of a shit

Still, kinda goofie.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Ruby Soho

Coroei de graça as noites insônes.





Findamos, limítrofes.

"Quem me enfeitiçou
O mar, marée, bateau
Tu as le parfum
De la cachaça e de suor
Geme de preguiça e de calor

Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda"

segunda-feira, 12 de julho de 2010

São Paulo é uma cidade devoradora de gente.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Fumaça pela boca.

Parei de resistir e resolvi começar a fumar hoje, aos meus recém-completados 24 anos: Tava lá, sem fazer nada, de saco cheio dos meus livros, da academia, da semana e comecei a apreciar o hábito em sua plenitude. Dei de projetar meu reflexo glamouroso no espelho do banheiro naqueles dias de ressaca pesada, meus 15 minutos pra pensar na vida durante o trabalho, o ócio, depois do sexo, do almoço e da desilusão; Mais uma desculpa maravilhosa para me auto-destruir, para afogar as mágoas nos pulmões e para acabar logo com o suplício dessa maldita longevidade que assola a minha geração.
E tem mais, agora eu tenho papo em qualquer calçada de restaurante paulistano com meus queridos tabagistas, a gente vai se olhar com cumplicidade, se cumprimentar aos sorrisos pensando em como é bom ter esse lapso de tempo abençoado pra escapar da lógica claustrofóbica de viver nesse centro insone e engatar conversas superficiais ou cortejos descartáveis, qualquer relação tragável.
Eu que antes me gabava de subir as ladeiras de Perdizes mais rápido que a média, reclamava das minhas roupas cheirando a cinzas, da minha bronquite/rinite/sinusite atacada, das bocas de meninas fumantes pensei comigo mesmo: "Que se foda essa porra toda!" e foi isso aí, hoje eu não fiz muita coisa além de terminar com esse maço de Lucky Strike e ficar olhando pela varanda para o dia nublado.
O mundo foi feito para os fumantes, em vez de ficarmos nos revirando em verborragias imbecis devíamos todos colocar um cigarrinho na boca e contemplar a vida que nos passa debaixo do nariz, não existe ato mais louvável num dia friorento e cinza do que consumir a sua marca de favorita de cigarro a grandes goles.

Cinza é a cor da nova estação, estou apaixonado pelo meu maço de Lucky Strike.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A LOVE POEM

"all the women
all their kisses the
different ways they love and
talk and need.

their ears they all have
ears and
throats and dresses
and shoes and
automobiles and ex-
husbands.

mostly
the women are very
warm they remind me of
buttered toast with the butter
melted
in.

there is a look in the
eye: they have been
taken they have been
fooled. I don’t quite know what to
do for
them.

I am
a fair cook a good
listener
but I never learned to
dance – I was busy
then with larger things.

but I’ve enjoyed their different
beds
smoking cigarettes
staring at the
ceilings. I was neither vicious nor
unfair. only
a student.

I know they all have these
feet and barefoot they go across the floor as
I watch their bashful buttocks in the
dark. I know that they like me, some evem
love me
but I love very
few.

some give me oranges and vitamin pills;
others talk quietly of
childhood and fathers and
landscapes; some are almost
crazy but none of them are without
meaning; some love
well, others not
so; the best at sex are not always the
best in other
ways; each has limits as I have
limits and we learn
each other
quickly.

all the women all the
women all the
bedrooms
the rugs the
photos the
curtains, it’s
something like a church only
at times there’s
laughter.

those ears those
arms those
elbows those eyes
looking, the fondness and
the wanting I have been
held I have been
held."


-C. Bukowski

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A forma reverberando no asfalto é horror sublimado contra o firmamento cinza, a multidão cai em cima, faminta de sangue alheio; fantasma vermelho salpicando no para choque de um Fiat 96, três PMs se esforçam para controlar a corja, o PF da esquina sai com gosto de ferrugem. Jorra continuamente o rubro viscoso do que restou de um maxilar e escorre,




...Lento


até a sarjeta, devia ter uns 40 e tanto, disse um PM apático. As moscas começam a migrar do feijão azedo para a poça mórbida cheia de cabelos, presumíveis, esparsos, finos, antes grisalhos, agora de um vermelho atropelado. Pedaços de dentes ao meio-fio, massa encefálica polvilhando a grama no canteiro. Lá do 9º andar os olhares se voltavam para o burburinho irrequieto lá debaixo quando veio o grito rasgando as reticências transeuntes, depois contaram ser o filho da senhora desgraçada (Aquele desgraçado), os olhos saltados estarrecidos, a boca escancarada diante do inevitável semi decapitado. O horror da morte contra a tarde que vai.

sábado, 3 de julho de 2010

Desenho de luz no céu

Entrelaçados os dois
Dormimos, serenos
Sorrimos discretos
Sonhamos canteiros

Orvalhamos janelas
Sorrimos sem pressa
Rolamos presentes
Beijamos, pra sempre.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

When the music is over

E quando for insuportável me ouvir?
Quando as minhas idéias secarem, o que resta? Uma vida gasta em sons que não me pouparam miséria alguma. A voz rouca calosa frustrada em pigarros. As unhas gastas de noites mal dormidas. Tudo o que eu podia ser. A madrugada puxando pelos pulmões palpitando. Um bocado de amigos mortos. Sarcasmo à beira do câncer. Esse mar de inquietações nunca satisfeitas. O descuido empoeirado nas prateleiras. A umidade permanente nas calças. Saudades de querer findar. Qual é o silêncio maior do que eu?

Duplo sentido

"Dessa esquina pelo menos posso ver o movimento dos carros
Vim de casa porque estava insuportável pensar
Dessa esquina pelo menos posso perceber o duplo sentido
O duplo sentido do tráfego e não me incomodar

Dessa esquina pelo menos posso ver o movimento dos carros
Vim de casa porque estava insuportável falar
Por telefone (tão distante) com pessoas que eu não posso ver
Por telefone com pessoas que eu não posso pegar

Dessa esquina pelo menos posso perceber
O duplo sentido de tudo
Em todos que vão a diversos lugares
Primeiros, terceiros, oitavos andares
Vigésimos modos de andar

Dessa esquina pelo menos posso perceber
O duplo sentido de tudo
Na falta de unanimidade
Uns vêm pra cidade como eu
Outros voltam correndo pro lar

Vim de casa porque estava insuportável pensar
Na saudade, na saúde, na fé
Dessa esquina pelo menos posso ver como é
E não me incomodar

O duplo sentido na rua é tão claro
Não há que duvidar
O duplo sentido na rua é tão claro
O apito do guarda é que dá"

-Gilberto Gil

sexta-feira, 4 de junho de 2010

O ginásio [Ou Admirável mundo universitário]

O mundo tem princípios e tudo o que me vem à cabeça agora já estava lá antes de mim mesmo observando a beleza na unidade frágil das coisas que não importam de verdade pra ninguém que para para observar que o tempo é uma convenção falsa de uma maioria inconsciente usando energia em fins inúteis.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Botar minha alma à venda

Desconfie de tudo: Das horas necessárias de sono, do Obama, da Dilma, do Serra, da linha amarela do metrô, da copa do mundo e do fim dele em 2012, das pessoas que fazem orkut em casal, das pessoas com nicks cheios de enfeites estúpidos no MSN, dos grupos islâmicos no Twitter, do facebook, dos mangás japoneses, dos trompetistas, dos bolsistas, dos peixes de aquário, do Milton, do Chico, do Gil, do Caetano[especialmente do Caetano], do Saramago, da ONU, da UNE, do C.A. , dos alunos da USP, das trepadas sem compromisso, do compromisso, das ex-namoradas, dos ex-amigos, do seguro de saúde, do inalador, do inverno, do verão, da chuva, do calor, dos mágicos, dos atores, dos músicos, dos admnistradores de empresas, dos estágiarios de direito penal, da logística, da lógica, da cinética, da acústica, do trânsito intenso, do rádio, da T.V, das panicats, da madrugada, da pinga, da vodka, do whisky, do vinho branco, da carne, das gostosas que engordaram, das gordas que emagreceram, dos atletas, dos veados, dos judeus ortodoxos, dos padres, dos candidatos a vereador, das pessoas que falam francês, das que falam alemão, das que falam hebraico, das que tocam bateria.

Desconfie da própria noite, e do sol em si.

Faço 22 em alguns dias.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Aula de ritmo














"Aprende o refrão de um coco bruto, abre a garganta e sai uma gostosura: simples, sem máscara, sem artifícios. Aí, então, todo mundo gosta".

-Jackson do Pandeiro

domingo, 16 de maio de 2010

Ruínas

Até o céu congestionou
Nem resto de estrela
Nem sombra de calma
Nada mais se lembra...

A noite se insilencia
A rua é um fardo
Caminhamos, comprimidos
Refletimos uns contra os outros
[somos muitos...]

E pelos cantos, encardidos
Um gosto da derrota
Restos do que não foi
Resto em distâncias.

Do vazio

"Não, você não sabe, você não sabe como tentei me interessar pelo desinteressantíssimo"

"Não se preocupe, não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar, tem coisa mais auto destrutiva do que insistir sem fé nenhuma? Ah, passa devagar a tua mão na minha cabeça, toca meu coração com teus dedos frios, eu tive tanto amor um dia."

"Já li tudo,cara, já tentei macrobiótica psicanálise drogas acumpuntura suicídio ioga dança natação cooper astrologia patins marxismo candomblé boate gay ecologia, sobrou só esse nó no peito, agora faço o quê?"

C.F. Abreu

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Os ombros suportam o mundo

"Chega um tempo em que não se diz mais: Meu deus.
Tempo de abslouta depuração.
Tempo em que não se diz mais: Meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa que venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais do que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação."

-C. Drummond de Andrade

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Cárcere voluntário ou Tamara ou 2+1=0

Ao menos restavam as pequenas coisas minhas pra preocupar
Uma multa, uma conta, um atraso qualquer

Aí você chegou às juras e pontapés
Cheio de beijos e possibilidades e
Promessas de histórias pra contar

Trancou-se tudo por fora
Vedaram-se as janelas

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Que nem manequim

"Ando falando sozinho
Fingindo que é verdade
Que te encontro mais tarde

Ando ouvindo calado
Esse som do passado
E uma angústia me invade

Ando vagando, pensando demais
Já não tenho vontade
Não bebo, não fumo
Não como, não durmo
Não sei o que faço
Com essa saudade

Ando com os olhos distantes
Ausente de tudo, que nem manequim
Ando sem brilho de vida
Ando perdido de mim"

-Guinga e M. Tapajós

http://www.youtube.com/watch?v=Fxn6iYWpknk

domingo, 4 de abril de 2010

Moça do sonho

Quando o objeto de desejo não é palpável, o buraco é mais embaixo.

sábado, 20 de março de 2010

Lavoisier

"Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima."

-Leminski

segunda-feira, 1 de março de 2010

Constatação

Desilusão repentina
O pra sempre
Terminou na esquina

W. Salomão

"Cresci sob um teto sossegado,
meu sonho era um pequenino sonho meu.
Na ciência dos cuidados fui treinado.
Agora, entre o meu ser e o ser alheio
a linha de fronteira se rompeu"

-Wally Salomão

domingo, 21 de fevereiro de 2010

...!

Vivo acercado do que não posso
Fracassos pungentes retalham
Palpitam em contratempo ao que estou
Sou de querências intragáveis
Irrevogavelmente falho
E calo o fato instável
Venço como sonho e amanheço
Me esqueço quando almoço
Quando passo distraído
Atravesso, eu mesmo descrente
Desejo rente a tudo que me escapa

-À M. Luisa.

Carta ao que poderia ser

Escrevo pra quem sabe você nunca ler. contra o tempo. contratempos de distância. escrevo por uma situação favorável que talvez nunca ocorra. um sorriso tão possível quanto aberto. esquinas dessa ou de outra vida pra gente se entender numa tarde bonita. num beijo morno de não sentir pressa. e saborear. repousar num abraço sincero simples seu cheiro

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Achei aqui, escrevi em 2008, não terminei e achei bonito.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

No cordão da saideira(ou Quarta-feira ingrata)


Torrencial.
A Ladeira da Misericórdia envergando entre Deus e o Diabo pisando forte em nossa gente
E a fúria carnavalesca chovia fervendo por cima dos paralelepípedos amontoados em consgestionamento próprio. A cidade freva samba canta até onde não haja pulmões ou garganta. A cidade ri sangrenta pra espantar o fim do mundo [pra transpassar a madrugada quente].
Quando os músculos e os joelhos já não aguentam resta a cachaça, quando não basta amor, o riso débil; na falta de sol, o mormaço faz suar; quando o bloco acaba, é a madrugada revirando a cama e quando chega a quarta-feira, as calçadas vazias de igrejas estateladas ao sol que morre.
Carnaval.
Já não somos carentes de nada que a rua não possa nos dar de bom grado pra passar na cara e na nuca. pra beijar promiscuamente beber a grandes goles de fogo nesse batismo reverso dionísio cão.
A cidade canta
Carrega
A multidão.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Descartável.

Se você me ama
ou não
é tudo questão
de oferta
e demanda

terça-feira, 26 de janeiro de 2010



P/ Gabriel Pinto.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Infanticídio

Itapipoca na virada do ano me fez perceber que a minha infância murchou, sobrou um gostinho de graviola misturado com o caldo de feijão verde [se é que isso não é só uma intuição forçada que eu tenho depois das tantas doses de cachaça diárias].