quarta-feira, 23 de junho de 2010

When the music is over

E quando for insuportável me ouvir?
Quando as minhas idéias secarem, o que resta? Uma vida gasta em sons que não me pouparam miséria alguma. A voz rouca calosa frustrada em pigarros. As unhas gastas de noites mal dormidas. Tudo o que eu podia ser. A madrugada puxando pelos pulmões palpitando. Um bocado de amigos mortos. Sarcasmo à beira do câncer. Esse mar de inquietações nunca satisfeitas. O descuido empoeirado nas prateleiras. A umidade permanente nas calças. Saudades de querer findar. Qual é o silêncio maior do que eu?

Duplo sentido

"Dessa esquina pelo menos posso ver o movimento dos carros
Vim de casa porque estava insuportável pensar
Dessa esquina pelo menos posso perceber o duplo sentido
O duplo sentido do tráfego e não me incomodar

Dessa esquina pelo menos posso ver o movimento dos carros
Vim de casa porque estava insuportável falar
Por telefone (tão distante) com pessoas que eu não posso ver
Por telefone com pessoas que eu não posso pegar

Dessa esquina pelo menos posso perceber
O duplo sentido de tudo
Em todos que vão a diversos lugares
Primeiros, terceiros, oitavos andares
Vigésimos modos de andar

Dessa esquina pelo menos posso perceber
O duplo sentido de tudo
Na falta de unanimidade
Uns vêm pra cidade como eu
Outros voltam correndo pro lar

Vim de casa porque estava insuportável pensar
Na saudade, na saúde, na fé
Dessa esquina pelo menos posso ver como é
E não me incomodar

O duplo sentido na rua é tão claro
Não há que duvidar
O duplo sentido na rua é tão claro
O apito do guarda é que dá"

-Gilberto Gil

sexta-feira, 4 de junho de 2010

O ginásio [Ou Admirável mundo universitário]

O mundo tem princípios e tudo o que me vem à cabeça agora já estava lá antes de mim mesmo observando a beleza na unidade frágil das coisas que não importam de verdade pra ninguém que para para observar que o tempo é uma convenção falsa de uma maioria inconsciente usando energia em fins inúteis.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Botar minha alma à venda

Desconfie de tudo: Das horas necessárias de sono, do Obama, da Dilma, do Serra, da linha amarela do metrô, da copa do mundo e do fim dele em 2012, das pessoas que fazem orkut em casal, das pessoas com nicks cheios de enfeites estúpidos no MSN, dos grupos islâmicos no Twitter, do facebook, dos mangás japoneses, dos trompetistas, dos bolsistas, dos peixes de aquário, do Milton, do Chico, do Gil, do Caetano[especialmente do Caetano], do Saramago, da ONU, da UNE, do C.A. , dos alunos da USP, das trepadas sem compromisso, do compromisso, das ex-namoradas, dos ex-amigos, do seguro de saúde, do inalador, do inverno, do verão, da chuva, do calor, dos mágicos, dos atores, dos músicos, dos admnistradores de empresas, dos estágiarios de direito penal, da logística, da lógica, da cinética, da acústica, do trânsito intenso, do rádio, da T.V, das panicats, da madrugada, da pinga, da vodka, do whisky, do vinho branco, da carne, das gostosas que engordaram, das gordas que emagreceram, dos atletas, dos veados, dos judeus ortodoxos, dos padres, dos candidatos a vereador, das pessoas que falam francês, das que falam alemão, das que falam hebraico, das que tocam bateria.

Desconfie da própria noite, e do sol em si.

Faço 22 em alguns dias.