sábado, 31 de julho de 2010

Sequei.

?

Recuerdos.

É o cheiro que me molha os lençois. A lembrança amarga das manhãs em maio. Metade do dia. [Quanta cachaça na minha dor]. A estética do prazer. As divisões implícitas num pulso aéreo. O cálcio da minha alma. Contemplação cinética. Risadas que não puderam ser. Lágrimas que pararam no estômago.
O mundo dentro de uma escala. O mundo inteiro numa nota. O mundo dentro de mim. O subjetivo em sintonia total.

- À Maria Helena.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Anti-Moraes.

Me desfiz de intensidades
Anoiteci sem arder, indesejável.

No céu, todas as constelações que um dia soube
Brilhavam, no escuro, depois de mortas.

Nada além do frio que trespassa a garganta
Supus uma estrela caindo. Apaguei.

domingo, 25 de julho de 2010

Um filme muito ruim.

E foi tropeçando pela ladeira de paralelepípedos, bêbadosamba, tinha uma sede de auto-exorcismo e não saciada em boca ou boceta nenhuma; cantava que dançava na chuva mas era noite seca, o molhado era ele, atravessando a ladeira da rua da Glória(Uma misericórdia só) era um sino vergando o toque dos condenados e ele se atrasava pra vida, se atrasava pra amar, pra cantar e pra ser, um litro das Salinas na mão direita e as roupas foram ficando pelo chão lá atrás...
E aí caiu na frente de casa vomitando sem nem perceber o caldo de feijão, os jeans encardidos do que já secou e um cheiro de suor nos cabelos molhados; paixão não se anula com alguns drinks, meu filho. Era manhã quando deu por si mesmo sem documentos e sem uma das sandálias, o nublado ardia no fundo da retina. Dormiu, rígido, sonhara mais uma vez com ela e acordou desesperado quando lá longe algum rádio soltou a sentença, escarniada:

"Não vá se perder por aí...!"

A vida era boa, apesar das dores de cabeça.

Morning Theft

"A kiss goodnight from every
Stranger that I meet

I had to send it away
To bring us back again"

- Jeff Buckley

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Não sinto palavra alguma, aliás, me sustento em insensibilidades.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Don´t you think?


My life as a Woody Allen's movie:

A hell of a shit

Still, kinda goofie.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Ruby Soho

Coroei de graça as noites insônes.





Findamos, limítrofes.

"Quem me enfeitiçou
O mar, marée, bateau
Tu as le parfum
De la cachaça e de suor
Geme de preguiça e de calor

Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda"

segunda-feira, 12 de julho de 2010

São Paulo é uma cidade devoradora de gente.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Fumaça pela boca.

Parei de resistir e resolvi começar a fumar hoje, aos meus recém-completados 24 anos: Tava lá, sem fazer nada, de saco cheio dos meus livros, da academia, da semana e comecei a apreciar o hábito em sua plenitude. Dei de projetar meu reflexo glamouroso no espelho do banheiro naqueles dias de ressaca pesada, meus 15 minutos pra pensar na vida durante o trabalho, o ócio, depois do sexo, do almoço e da desilusão; Mais uma desculpa maravilhosa para me auto-destruir, para afogar as mágoas nos pulmões e para acabar logo com o suplício dessa maldita longevidade que assola a minha geração.
E tem mais, agora eu tenho papo em qualquer calçada de restaurante paulistano com meus queridos tabagistas, a gente vai se olhar com cumplicidade, se cumprimentar aos sorrisos pensando em como é bom ter esse lapso de tempo abençoado pra escapar da lógica claustrofóbica de viver nesse centro insone e engatar conversas superficiais ou cortejos descartáveis, qualquer relação tragável.
Eu que antes me gabava de subir as ladeiras de Perdizes mais rápido que a média, reclamava das minhas roupas cheirando a cinzas, da minha bronquite/rinite/sinusite atacada, das bocas de meninas fumantes pensei comigo mesmo: "Que se foda essa porra toda!" e foi isso aí, hoje eu não fiz muita coisa além de terminar com esse maço de Lucky Strike e ficar olhando pela varanda para o dia nublado.
O mundo foi feito para os fumantes, em vez de ficarmos nos revirando em verborragias imbecis devíamos todos colocar um cigarrinho na boca e contemplar a vida que nos passa debaixo do nariz, não existe ato mais louvável num dia friorento e cinza do que consumir a sua marca de favorita de cigarro a grandes goles.

Cinza é a cor da nova estação, estou apaixonado pelo meu maço de Lucky Strike.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A LOVE POEM

"all the women
all their kisses the
different ways they love and
talk and need.

their ears they all have
ears and
throats and dresses
and shoes and
automobiles and ex-
husbands.

mostly
the women are very
warm they remind me of
buttered toast with the butter
melted
in.

there is a look in the
eye: they have been
taken they have been
fooled. I don’t quite know what to
do for
them.

I am
a fair cook a good
listener
but I never learned to
dance – I was busy
then with larger things.

but I’ve enjoyed their different
beds
smoking cigarettes
staring at the
ceilings. I was neither vicious nor
unfair. only
a student.

I know they all have these
feet and barefoot they go across the floor as
I watch their bashful buttocks in the
dark. I know that they like me, some evem
love me
but I love very
few.

some give me oranges and vitamin pills;
others talk quietly of
childhood and fathers and
landscapes; some are almost
crazy but none of them are without
meaning; some love
well, others not
so; the best at sex are not always the
best in other
ways; each has limits as I have
limits and we learn
each other
quickly.

all the women all the
women all the
bedrooms
the rugs the
photos the
curtains, it’s
something like a church only
at times there’s
laughter.

those ears those
arms those
elbows those eyes
looking, the fondness and
the wanting I have been
held I have been
held."


-C. Bukowski

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A forma reverberando no asfalto é horror sublimado contra o firmamento cinza, a multidão cai em cima, faminta de sangue alheio; fantasma vermelho salpicando no para choque de um Fiat 96, três PMs se esforçam para controlar a corja, o PF da esquina sai com gosto de ferrugem. Jorra continuamente o rubro viscoso do que restou de um maxilar e escorre,




...Lento


até a sarjeta, devia ter uns 40 e tanto, disse um PM apático. As moscas começam a migrar do feijão azedo para a poça mórbida cheia de cabelos, presumíveis, esparsos, finos, antes grisalhos, agora de um vermelho atropelado. Pedaços de dentes ao meio-fio, massa encefálica polvilhando a grama no canteiro. Lá do 9º andar os olhares se voltavam para o burburinho irrequieto lá debaixo quando veio o grito rasgando as reticências transeuntes, depois contaram ser o filho da senhora desgraçada (Aquele desgraçado), os olhos saltados estarrecidos, a boca escancarada diante do inevitável semi decapitado. O horror da morte contra a tarde que vai.

sábado, 3 de julho de 2010

Desenho de luz no céu

Entrelaçados os dois
Dormimos, serenos
Sorrimos discretos
Sonhamos canteiros

Orvalhamos janelas
Sorrimos sem pressa
Rolamos presentes
Beijamos, pra sempre.