quinta-feira, 28 de julho de 2011

Fragilidade.

Estava com uma asa quebrada debaixo de um carro, o pequeno pardal, se debatia inutilmente contra o cimento do chão, talvez pensasse que o céu acolheria o seu esforço mínimo. Quase ri das bicadas bêbadas que levei enquanto o tinha preso nas palmas, ele continuava procurando o céu mas eu rangia os dentes oferecendo o inferno de carne, as peninhas pálidas, as bicadas cócegas. Ele morreu entre minhas mãos adolescentes sob dentes que rangiam brancos de prazer em ver a morte tão facilmente manipulável. Os ossinhos todos crepitando um a um de dor. O fim, que delícia.


---

O dia em que você foi fraca eu estava bebendo cerveja em um buraco no centro da cidade quando recebi a ligação. Não que seu choro me comovesse, mas o prazer na expectativa de sentir o gosto da sua dor me fez o caminho até o apartamento cheio de sorrisos... Te encontrar aberta em lágrimas foi o pior remédio, o pior brinquedo. Demorei um bocado pra te deixar nua em meio aos soluços e te comi do jeito mais cruel que se pode ter de uma mulher, lá pelas tantas do dia seguinte o gosto da sua derrota me assombrava, a carne temperada de lágrimas, eu ruminando.

domingo, 17 de julho de 2011

Panela grande

Minha vó tem silêncios que sorriem
Feito doce de leite quente
Quando à tarde o céu escorre

"Tou vitimado no profundo poço
na poça do mundo
do céu amor vai chover
Tua pessoa Maria"

sábado, 16 de julho de 2011

Sobre vestidos e suas alças.

Num dia desses em que o calor chegar logo de manhã cedo e te despertar que nem língua inquieta por debaixo das roupas eu quero estar lá para ver você num vestido de verão, prendendo os cabelos como quem não sabe o perigo que esse seu pescoço branco oferece, aí então quando uma das suas alças escorregar pelos ombros eu vou estremecer até as pontas de todos os meus dedos e inspirar mais fundo essa brisa que a todo momento te explora numa utopia de prazeres da qual minhas mãos nunca serão plenamente capazes.