quinta-feira, 28 de julho de 2011

Fragilidade.

Estava com uma asa quebrada debaixo de um carro, o pequeno pardal, se debatia inutilmente contra o cimento do chão, talvez pensasse que o céu acolheria o seu esforço mínimo. Quase ri das bicadas bêbadas que levei enquanto o tinha preso nas palmas, ele continuava procurando o céu mas eu rangia os dentes oferecendo o inferno de carne, as peninhas pálidas, as bicadas cócegas. Ele morreu entre minhas mãos adolescentes sob dentes que rangiam brancos de prazer em ver a morte tão facilmente manipulável. Os ossinhos todos crepitando um a um de dor. O fim, que delícia.


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O dia em que você foi fraca eu estava bebendo cerveja em um buraco no centro da cidade quando recebi a ligação. Não que seu choro me comovesse, mas o prazer na expectativa de sentir o gosto da sua dor me fez o caminho até o apartamento cheio de sorrisos... Te encontrar aberta em lágrimas foi o pior remédio, o pior brinquedo. Demorei um bocado pra te deixar nua em meio aos soluços e te comi do jeito mais cruel que se pode ter de uma mulher, lá pelas tantas do dia seguinte o gosto da sua derrota me assombrava, a carne temperada de lágrimas, eu ruminando.

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