terça-feira, 10 de agosto de 2010

Amsterdã, ai.

"Mas esta cinzência do céu, permanente. Ou quase, que o sol demora a chegar. Há por aí, nos céus e nos estabelecimentos maldormidos e inda mal-acordados, mais para os lados das farmácias e dos centros médicos com suas cruzes vermelhas entre as casas da noite, um quê de samba langoroso de Noel- carro de praça, luva, dúvida, cruz do sofrimento, lixo humano, boêmia, diplomacia malandra.
Então eu te olho cidade, como se olhasse uma mulher esguia. Toda posta em dengo e prestes. Sequiosa. A um fio do cio. E já molhada.
Enlevada, assim cidade-mulher e acarinhada neste maio, já cedo com seus barcos e seus marrecos entre as àguas dos canais, linda. Além dos carrilhões das igrejas, as carrocinhas de música, mantidas pelas moedas do povo passante pelos cuidados de anônimos voluntários, comem o ar, realejos enormes, coloridos e valsosos. É onomatopaico, teu nome. Amsterdã. Amsterdã, ô inesquecível, já começas teu nome soando como batida de sino. Sua bonita.
Toda entulipada, colorida de azul, de vermelho, de amarelo como em teus campos incomparáveis, únicos, a explicar, se há sol se há vento, a arrebentação de um talento em cor como Van Gogh. Sua louraça, ficas engalanada, casa de bonecas. Nem te chamarei de lindinha, és feito a pele de tuas mulheres, louraça de coxas brancas. Sua bonita."

-João Antônio

Nenhum comentário: