sexta-feira, 10 de abril de 2009

10 sinceros minutos

3:26

Ela já gozou três vezes quando ele então finalmente chegou lá,
mordendo o seu pescoço e tremendo nas bases. Esgotado, desaba
em cima dela um resto só em suor ofegante, depois disso resta
uma cama molhada e o cheiro do outro disperso em tudotudotudotudo
o que resta do que já foi integridade e indivíduo.
Ele rola para o lado oposto da cama, desacelerando ruidoso
afirmativamente viril irradiante. Lindo! E como! Ela sorri e lembra
que até dois meses atrás eles eram completos estranhos de alguma forma
atraídos um pelo outro de uma maneira quase natural quase destinados
à isso quase apaixonados à primeira vista, e agora era a madrugada embalada
com sexo intenso. risadas afetadas. álcool. muito muito cigarro.
Noites quentes de janeiro, ela esquece dos problemas a data o horário,
ela esquece a cidade grande paixões frustradas mãe pai irmãos que não conheceu
professores semiótica schopenhauer e nietzche e o emprego que não aparecia
e a propagação da luz pelo meio. de repente tudo virou nomes e ele era único.
Lindo! rindo por nada com os olhos nos dela, de um castanho profundo-profundo
preto esverdeado reluzente, ele é azul, um menino furta-cor de sorriso imenso
extensão desejo cabelos encaracolados e pêlos no peito. ele é um banquete de
falsas porém lindas promessas.
Ela nem se pergunta o que se passa na cabeça dele agora.

3:32

"Liga o rádio aí"
Um solo de sax brega até dizer chega invade o quarto, desnecessário, ele ri
faz um comentário acerca de e desliga-o. "Vem pra cá". ele ri mais alto
. moleque fazendo arte. olhos nos olhos de ponta cabeça e ele aproxima a boca
lento. a barba roça no nariz dela. o beijo derrete ao passo que as bocas
se encaixam e se consomem. uma mordida no lábio inferior dele. ela percebe
que ele se arrepia e dá uma risada em resposta.

3:35

Lado a lado novamente. olhos nos olhos. não contido ele olha daquele jeito que
ela vem percebendo na última semana. está apaixonado. ela sorri de canto da boca
comedida e já achando meio chata essa coisa de olhar no olho meio aborrecida
com a madrugada e a cama e a mãe e o pai e os irmãos que não conheceu e
o corinthians e a semiótica e schopenhauer e a faculdade e o emprego que
talvez seja melhor nem aparecer e o curso de francês que ela não levou pra
frente e aquele cara imbecil que ela pegou na semana retrasada que beijava mal.
Ele ri alto, desvia o olhar pro teto se perguntando o que se passa na cabeça dela.

3:37

Mas sim, por 10 sinceros minutos ele foi o homem da vida dela.

Ela vira pro lado e dorme.

"All the lonely people, where do they all belong?"

11 comentários:

Anônimo disse...

muito bom velho!!!

Unknown disse...

U-a-u. Muito bom mesmo! ;)

DBorges disse...

Ui, que belo!
Prazeroso ler você. Confissões sexuais sempre me distraem.

Lindo blog, lidna escrita.. ;*

Unknown disse...

Sinceridade. Sempre. A alma dos relacionamentos, duradouros ou não.. E mesmo que só na cama. Vai ver é lá mesmo que o mundo se revela.

Gostei, mocinho!

Debora Rebecchi disse...

u lá lá

Carina disse...

ai ai pedro! ótimo! lindo!

verdade é imprescindível na arte, e é mt animador ler textos assim, de tanta verdade, tanta simplicidade...sendo realidade ou fixão.

um grande beijo pra vc!

marcos disse...

“Muito Bonito Pedro!“ como diria o seu pai!


Gostei bastante cara..
sexo eh vida.. e soh isso, se eu bem entendi..
ou melhor..
“Gostei bastante cara sexo eh vida e soh isso se eu bem entendi“ como vc escreveria.. rs.. zuera.

Parabéns cara..
Legal pácas

gabi disse...

Adorei!!!

Ana Estaregui disse...

Excelente.

Autora escondida disse...

Puta meu, além de cantar e tocar muito - muito MESMO - o cara ainda de quebra escreve pra caramba.
Olhei seu blog do primeiro post até o último. Fiquei pensando "meu, como não descobri isso antes?".

Vou visitar muito esse blog...

"Nós aprendemos/
Palavras duras/
Como dizer perdi, perdi/
Palavras tontas/
Nossas palavras/
Quem falou não está mais aqui" Chico Buarque

Um beijo! =)

Mary Jane disse...

PUTA QUE PARIU! que post do caralho! É rapaz... decididamente.. doses homeopáticas...
(ana rafaela)