sábado, 22 de junho de 2013

20jun

18h30:
Quando tinha 8 anos reparei na imponência da Av. Paulista. Lembro de me encantar com a mansão dos Matarazzo ("aquilo tem 100 anos!"), que depois virou estacionamento, hoje, num futuro breve, mais um shopping center. Perguntava à minha mãe quando passaríamos por lá de novo, aquele lugar que me embriagava a vista. Hoje a sensação foi parecida, ainda não havia conseguido ir às manifestações por conta da monografia, mas resolvi tirar um tempo antes de dar as minhas aulas para olhar o movimento. Os carros deveriam ser proibidos de andar por aqui. A cidade se desumaniza conosco entulhados dentro das máquinas, morrendo de medo de sermos atropelados, andando nas faixas de pedestre e olhando pra baixo atento às merdas e aos buracos nas calçadas. As ruas deveriam ser para andar e sentir mais. Adolescentes com as cores da bandeira nacional. Todo o tipo de grito de ordem. Um grupo com bandeiras vermelhas passa e é fuzilado com olhares e dejetos. Preciso dar a minha aula.

23h:
Muita, muita sujeira. Muita, muita polícia. Tem gente fumando maconha na frente do Center 3. Tem gente cantando Legião Urbana debaixo do MASP. Muitos cartazes com palavras de ordem e mensagens de esperança na calçada em frente ao edifício do SESI, que estava com uma projeção da bandeira nacional na fachada. Muita, muita sujeira. Tem gente que aproveita pra dar um rolé de bicicleta, tem gente que sai pra passear com o cachorro. As mulheres são assediadas com cantadas imbecis. Os moradores das ruas dos Jardins e Bela Vista não dormem, procuram comida nas lixeiras.

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