domingo, 7 de setembro de 2008

Reticências

-Oi...
Essa reticências nunca estiveram tão claras numa expressão qualquer.
Faltou alguma coisa.
Começaram a andar sem trocar olhares, as palavras ralas, acinzentadas, a chuva caindo de birra do céu.
É...Faltou...
De olho na calçada, molhada da noite, com uma animação quase que artificial.
Tomados os devidos lugares os entreolhares viram reparáveis, variáveis dentro daquele pé-direito enorme e cheio de luzes.
Ele quer um vinho, mas acaba desistindo da idéia ao entender que o ar não está para álcool, ela desconfia de alguma coisa.
-Mas e aí?...
A pergunta foi um engasgo, posto o hamburguer no prato, ele começa a comer e pensar.
Lá se foram três anos e nada de tempo pra realmente refletir sobre os acontecidos; afinal, o que faltou?!
De repente, se estranharam.
Não era o mesmo cabelo, os cuidados eram outros, havia uma instabilidade em se reconhecer no outro.
-Que saudade...
Aquelas reticências sugeriram alguma coisa mais forte.
Foi até lá, e mordeu o lábio inferior dela com força como de costume, quase pra arrancar sangue.
As línguas dançando juntas, se atracando com sede de fazer.
Um aperto, um gemido, cheiro de sexo por todo o corpo.
Não havia tempo nem conclusões.
Ninguém se satisfez no sábado a noite.
...

Nenhum comentário: